“Lembrar os velhos e celebrar a nossa gente” foram apontados por José dos Santos Marques como pressupostos para publicar o livro Histórias do Meu Tempo. A edição municipal, que agrega mais de 800 crónicas que o autor escreveu ao longo de várias décadas na imprensa local, foi apresentada no passado sábado.
Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, fez um elogio à escrita de José dos Santos Marques, mais conhecido por Juca, Joteme ou J. S. Marques: “O Senhor Juca consegue descrever com uma facilidade e simplicidade chocante. É difícil encontrarmos pessoas assim. Admiro a simplicidade da escrita de histórias que algumas vezes nos fazem pensar”, referiu, uma admiração que o fez escrever o prefácio de Histórias do Meu Tempo, onde descreve uma “Póvoa mergulhada nas suas mais profundas tradições, é aqui que quase conseguimos conversar com muitas personagens, que habitam as histórias perdidas no salitre dos tempos”. Na opinião do Vereador “as histórias narradas por J. S. Marques vão muito para além da pintura da época, integram-nos numa vizinhança, quase familiar, vivida entre os poveiros. Num ambiente de grande pobreza, salvava-se o sentido permanente de grande solidariedade”. “Este livro é apenas uma ínfima parte de tudo o que vai dentro deste homem e de tudo o que ele escreveu” disse Luís Diamantino definindo a publicação como “uma história colectiva”. Referindo-se às memórias de Joteme relatadas no livro, o vereador disse: “isto já não existe, já acabou. Tenho saudades do passado. Estamos noutro tempo e temos que ter a faculdade de aceitar as mudanças. São outros tempos. Temos que dar valor àquilo que achamos que tem de facto valor”.
“Isto (Histórias do meu tempo) é aquilo que vai ficar da Póvoa”, concluiu o autarca. Mas para o autor, a simplicidade e fraternidade da “nossa gente” é algo de que ainda hoje sente saudades. É, assim, de memórias e valores que nos fala Joteme, com a sabedoria dos seus 96 anos. Numa tarde em que se reuniram muitos amigos para conhecer ou relembrar Histórias do Meu Tempo, Sandra Brandão, presidente de A Filantrópica, reconheceu o carinho que José dos Santos Marques dedica há vários anos à cooperativa, da qual foi cooperador e fundador, e Fernando Linhares de Castro referiu-se à amizade e admiração que tem pelo Juca. Histórias do Meu Tempo é o número 24 da colecção Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira, editada pela Câmara Municipal, a propósito da qual Luís Diamantino confessou “se há algo de que me orgulho é desta colecção, é um monumento à nossa terra”.
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