A bienal cultural Monsaraz Museu Aberto vai decorrer na vila medieval de Monsaraz entre os dias 9 e 25 de Julho com um programa que pretende abordar o que de melhor se faz na cultura e nas artes do espectáculo, a nível nacional e internacional. Organizado pelo Município de Reguengos de Monsaraz desde 1986, o Monsaraz Museu Aberto tem atingido elevados índices de notoriedade pela qualidade e diversidade da programação e pelo cenário arquitectónico e histórico que envolve o festival, considerado de referência no Alentejo e em Portugal.
O programa da 19ª edição do Monsaraz Museu Aberto, que desde 1998 se realiza com periodicidade bienal, inicia-se na sexta-feira, dia 9 de Julho, pelas 18h, com a inauguração do Centro Náutico de Monsaraz, uma infra-estrutura que visa promover o turismo no Grande Lago Alqueva. Uma hora depois, no Jardim da Casa da Universidade, decorrerá a abertura oficial do festival, este ano subordinado ao tema “Gentes”.
Nesta ocasião será apresentada mais uma edição especial do vinho tinto “Monsaraz Museu Aberto”, produzido pela CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, numa associação entre a arte do vinho e a criação artística. Esta edição de cerca de 15 mil garrafas de vinho tinto “Garrafeira de 2002” é muito atractiva para coleccionadores e foi criada a partir das castas tradicionais Aragonez, Trincadeira e Castelão, que constituem a base ancestral dos vinhos que se produzem no “termo de Monsaraz”.
Os principais espectáculos do Monsaraz Museu Aberto decorrem sempre às 22h na Praça de Armas do Castelo. O primeiro artista a subir ao palco é Miguel Gameiro, um dos fundadores do grupo Pólo Norte e que vai a Monsaraz apresentar o seu disco de estreia a solo “A Porta ao Lado”.
No sábado, dia 10 de Julho, actua Rodrigo Leão & Cinema Ensemble. O músico e compositor Rodrigo Leão, que tem conhecido o sucesso em Portugal e no estrangeiro, vai apresentar “A Mãe”, o disco editado em 2009 que procura homenagear o mais puro dos amores e que convida melodias que lhe têm valido aplausos em todos os palcos.
A noite de domingo será preenchida com o grupo Acetre. Criado em 1976, Acetre, originário de Olivença, é um dos grupos mais antigos e emblemáticos do panorama Folk da Extremadura espanhola. A sua filosofia artística parte de sentir a música como uma linguagem herdada a que eles acrescentam a sua semântica particular e nos concertos interpretam, por exemplo, fados e corridinhos.
O segundo fim-de-semana do Monsaraz Museu Aberto inicia-se com o espectáculo de Carminho. A fadista vai cantar na sexta-feira, dia 16 de Julho, as músicas do disco de estreia “Fado”. Carminho recebeu em 2005 o Prémio Amália na categoria Revelação Feminina e participou em 2007 no filme “Fados”, de Carlos Saura.
No dia 17 de Julho, o festival terá a actuação de Luís Represas, fundador em 1976 da banda Trovante, um dos grupos referência da música popular portuguesa. Luís Represas apresenta em Monsaraz as músicas mais importantes da sua carreira com mais de 30 anos de actuações nos grandes palcos nacionais, destacando-se também o espectáculo que realizou em Timor-Leste quando abraçou a luta pela causa timorense e compôs a música que se tornou o hino à independência e paz do território.
A fechar o fim-de-semana, no dia 18 de Julho, a música Folk de Espanha regressa a Monsaraz com o grupo Korrontzi. Este grupo do País Basco descobriu a antiga tradição do “trikitilari” (intérprete de concertina, chamado “Korrontzi”), que costumava chegar todos os domingos à praça principal da cidade de Munguia (Vizcaya) em cima de um burro e transmitia alegria às pessoas que saíam da missa. Este espectáculo está integrado no Festival Sete Sóis Sete Luas, promovido por uma rede cultural de 30 cidades de 10 países do Mediterrâneo e do mundo lusófono (Brasil, Cabo Verde, Croácia, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Marrocos e Portugal), entre as quais Reguengos de Monsaraz. A sua programação incide no âmbito da música popular contemporânea e das artes plásticas, com a participação de grandes figuras da cultura mediterrânica e do mundo lusófono.
O Festival Monsaraz Museu Aberto prolonga-se por mais uma semana para integrar a Festa do Cante nas Terras do Grande Lago. No dia 23 de Julho actuam os grupos de “Cantadores de Saias” de Portalegre, Fortios, S. Bento do Cortiço, Alter do Chão e Casa Branca. Os grupos de “Cantadores de Saias” são compostos por um reduzido número de pessoas, normalmente cinco, todas oriundas dos ranchos folclóricos alentejanos, de que trazem o traje, e que no seu reportório procuram interpretar, o mais fielmente possível, as modas que se cantavam durante a execução dos trabalhos agrícolas ou pelo caminho de casa, onde predominavam as “Saias”, as modas de roda, os despiques, entre outras. A “Tocata” normalmente é composta por acordeão, viola e ferrinhos.
O dia 24 de Julho será dedicado ao cante alentejano com a actuação de grupos corais. Ao final da tarde desfilam pelas ruas da vila medieval o Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz, o Grupo Coral da Casa do Povo de Reguengos de Monsaraz, o Grupo Coral Feminino “As Amigas do Campo” de Faro do Alentejo, o Grupo Coral Infantil e Etnográfico “Os Carapinhas” de Castro Verde, o Grupo Coral Feminino e Etnográfico “As Camponesas” de Castro Verde, o Grupo Coral e Etnográfico de Vila Nova de S. Bento e o Grupo Coral “Os Ceifeiros” de Cuba. À noite, a actuação dos grupos corais será acompanhada pela poesia de Manuel Sérgio que terá à viola José Manuel Farinha.
O festival termina no dia 25 de Julho com as actuações dos grupos rocieros Coro Ntra Sra. de los Remedios de Jabugo e Grupo Romero “El Fresno”. Com os seus vestidos típicos, a actuação dos coros rocieros é um espectáculo cheio de beleza e sentimento, onde a qualidade das vozes evocam o “Rocio” e interpretam letras de paixão à Virgem, com o pregador de ouro da emotiva salva rociera, conhecida como o olé olé.
O Monsaraz Museu Aberto terá exposições patentes durante as três semanas do festival que poderão ser apreciadas diariamente entre as 10h e a meia-noite. Pelas ruas da vila medieval haverá uma exposição de César Molina com instalações ao ar livre de grandes esculturas de animais, realizadas a partir de materiais de reciclagem, e que está integrada no Festival Sete Sóis Sete Luas. Nascido em Granada, César Molina “Culatas” inicia a sua carreira artística em 1998, utilizando o metal como matéria-prima com o objectivo de interpretar a realidade de uma maneira lúdica e criativa, sem esquecer a influência do elemento social em cada uma das suas criações.
Na Junta de Freguesia de Monsaraz vai estar patente a exposição “Monsaraz… Olhares de Palmo e Meio” com 14 desenhos representativos de monumentos e pormenores arquitectónicos da vila medieval, elaborados por alunos da Escola Básica do 1º Ciclo de Outeiro. Na Casa dos Sapos poderá ser apreciada a exposição de fotografia “A Produção da Presença”, de José Manuel Rodrigues, um dos nomes maiores da fotografia portuguesa que recebeu o Prémio Pessoa em 1999 e o Prémio de Fotografia Criativa atribuído por Amsterdams Fonds voor de Kunst em 1982.
Na Casa Lagareiro vai estar uma Mostra Internacional de Artesanato. Esta exposição integra peças de artesanato, pintura, escultura e cerâmica cedidas pelas embaixadas de Moçambique, Timor-Leste, Argentina, El Salvador, República Dominicana, Cuba, México, Panamá, Peru e Paraguai. O artesanato do concelho de Reguengos de Monsaraz também estará representado na exposição “Gentes de Cá” que poderá ser apreciada na Casa da Universidade.
“Ofícios das Nossas Gentes” é o nome da mostra de artes e ofícios tradicionais que vai estar patente na Igreja de Santiago. Nesta exposição poderão ser apreciados instrumentos agrícolas, instrumentos de fabrico artesanal do vinho, de lanifícios e de lacticínios, peças em cobre e olaria do século XIX e início do século XX. No Posto de Turismo de Monsaraz vai estar a exposição de pintura de Luísa Ferro “A Razão da Luz”. A artista apresenta quadros a óleo sobre tela com paisagens nocturnas, particularmente os casarios do Alentejo.
O Grupo Cultural e Desportivo da Freguesia de Monsaraz vai mostrar fotografias, vídeos e projecções sobre as suas actividades na antiga Escola Primária, numa exposição intitulada “Percursos 2002/2010”, e o Grupo de Forcados Amadores de Monsaraz apresenta a “Tertúlia Tauromáquica”, no Espaço Tertúlia, um local dedicado à tauromaquia e à divulgação da sua actividade onde se pode observar o seu espólio de fotografias, trajes e troféus.
Os espectáculos de Miguel Gameiro, Acetre e Carminho terão entradas pagas a três euros e os concertos de Rodrigo Leão e Luís Represas vão custar cinco euros.