A Confraria da Sopa do Vidreiro promove uma homenagem a “Zé do Ernesto”, considerado um ilustre artista da indústria vidreira marinhense, que decorre no dia 3 de Julho, no Museu do Vidro.
O programa de homenagem é o seguinte:
15h15 | Homenagem Pública
16h00 | Inauguração de exposição de obras do homenageado.
José António Duarte Carvalho nasceu na Marinha Grande, a 5 de Abril de 1928 e desde muito cedo passou a ser conhecido no seu meio como “Zé do Ernesto”, por ser filho do conceituado vidreiro Ernesto Duarte Carvalho.
Aos 12 anos começou a trabalhar na “Fábrica de Vidro Neutro”, de Alípio Morais. Aos 14 transitou para a Fábrica Marquês de Pombal, onde ingressou na obragem de seu pai, nessa altura já muito perto da reforma, e foi dele que herdou e aprendeu a mestria de trabalhar o vidro. Mais tarde foi transferido como ajudante para a obragem de seu irmão, também conhecido como o “Quim do Ernesto”.
“Zé do Ernesto” manifestava excepcionais qualidades e foi célere na sua ascensão profissional, produzindo peças artesanais com grande procura no mercado. Cedo chegou a oficial vidreiro e, depois da Fábrica Marquês de Pombal, trabalhou na Vicriz e na Crisal, vindo a ingressar na Ivima nos finais da década de 70.
A obra de “Zé do Ernesto” foi fértil e original na produção de peças de qualidade artística pois, contam-se por milhares as peças produzidas nos seus 60 anos de profissão. A sua arte e o seu profissionalismo – à “boca do forno”- estão reflectidos desde os simples copos até aos artísticos castiçais, peças originais de arte em vidro, que são hoje pertença de muitos coleccionadores ou ainda em uso no quotidiano de muitos lares marinhenses.
Aos 76 anos ainda produzia peças em vidro, por entretenimento. Não esqueceu o tempo das fábricas. Sentiu algum desgosto pelo facto de, devido ao encerramento de fábricas, “se terem perdido tantos bons mestres vidreiros, porque ainda há muitas mãos engenhosas na Marinha Grande que não continuaram a profissão”.
E, momentos antes de falecer, endereçou um conselho a quem tem na indústria vidreira o seu ofício: “O mais importante é um vidreiro saber colher o vidro redondinho, dentro do forno. O vidro tem de ser tratado, como um homem deve tratar uma senhora: com delicadeza”. Palavra de um Mestre Vidreiro.
“Zé do Ernesto” faleceu a 14 de Julho de 2004.
Foi homenageado pela Câmara Municipal da Marinha Grande no âmbito da “5ª Bienal de Artes Plásticas”, em Outubro de 2004, decisão que tinha sido deliberada ainda antes do seu desaparecimento.
Trabalhei com esse grande homem e muito aprendi eu.Pena algumas pessoas não durarem para sempre.
Grande artista bom amigo mestre com talento trabahei com esse senhor na decada de 80 na ivima»