Mário Soares esteve ontem, 15 de Junho, na Póvoa de Varzim, para abrir um ciclo de conferências que a autarquia e “O Comércio da Póvoa” organizam no âmbito do Centenário da República. Estiveram presentes na sessão Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, José Carlos de Vasconcelos, de “O Comércio da Póvoa” e João Costa, Presidente da Assembleia Municipal.
Macedo Vieira reportou-se ao convidado como uma das pessoas que pensa melhor sobre a Europa, salientando a sua frescura física e mental, que ficou provada na grande lição que nos deu sobre a cultura política do país ao longo de 100 anos.
O antigo Presidente da República, que se afirmou como “republicano, socialista e laico”, explanou a História de Portugal, desde 1910 até ao presente, explicando que se viveram duas Repúblicas, sendo que a primeira decorreu entre 1910 e 1926 e a segunda desde 1974 até aos nossos dias. Mário Soares referiu-se ainda às quatro ditaduras que se sucederam durante 48 anos, sendo que a última (Estado Social de Marcelo Caetano) foi derrubada “com um golpe militar”. A Primeira República foi cheia de virtualidades, acrescentou afirmando, optimista, que “temos que estar orgulhosos da nossa República”. “A República sem democracia não é República, é ditadura”, referiu Mário Soares que considera que “a melhor maneira de combater uma ditadura é com uma democracia”.
Sobre os 16 anos da primeira República, Mário Soares destacou três aspectos fundamentais: as relações Estado-Igreja que geraram um mau-estar tendo em conta que a Monarquia era um estado confessional e com a implantação da República houve grandes alterações; o papel importantíssimo que a República desempenhou no Ensino, reduzindo o analfabetismo, investindo no Ensino Superior e apostando no desenvolvimento da ciência; e a questão social que foi descurada pelo poder que, “envolvido em lutas com a Igreja”, cometeu muitas faltas neste sector. Em relação à situação actual, o antigo Presidente da República afirmou que não está pessimista em relação à crise que a Europa atravessa e mantém a esperança de que esta será resolvida e ultrapassada “com bom senso”.
Soares defendeu ainda que “a Europa tem de continuar a ser a referência do melhor, do mais progressista e humanitário” que existe no mundo. “Mas temos de estar unidos e é indispensável que não deixemos cair a Europa num estado de crise”, alertou, referindo-se à Reunião do Conselho Europeu que terá lugar amanhã, 17 de Junho, e na qual o Conselho Europeu adoptará a EUROPA 2020 – Nova estratégia para o crescimento e o emprego. Neste âmbito, o Conselho Europeu procederá a uma troca de pontos de vista sobre a melhor forma de a União enfrentar os desafios prementes da competitividade e do aumento dos níveis de crescimento.
Horas antes da conferência, Mário Soares visitou a Escola E.B. 2/3 Dr. Flávio Gonçalves, onde está patente uma exposição de caricaturas dos presidentes da República ao longo dos 100 anos.
Esta foi a primeira de um Ciclo de Conferências que contará com personalidades como Artur Santos Silva, Presidente da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário do República, a 5 de Julho, Miguel Veiga, a 20 de Julho, António Nóvoa, a 13 de Setembro, e João Marques, no dia da Implantação da República, 5 de Outubro.
A iniciativa, uma organização conjunta da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e de “O Comércio da Póvoa de Varzim”, insere-se na programação de Comemorações que assinalam o Centenário da Implantação da República na nossa cidade. “Na Maré da República”, título das Comemorações na Póvoa, arrancou oficialmente em Fevereiro, altura em que foram apresentadas algumas das actividades previstas e anunciado o sítio oficial do evento, que pode consultar em http://web.cm-pvarzim.pt/namaredarepublica/
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