Dia 27 de Junho, pelas 11 horas, a Secretária de Estado dos Transportes, Dra. Ana Paula Vitorino, e o Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, inauguraram a fachada da Capela de Santo Amaro, um projecto de reconstrução da autoria do Arqº Bernardo Távora, que “nasceu” no triângulo definido pelas Ruas S. Roque e Alvaro Castelões, junto ao Mercado de Matosinhos, no âmbito da inserção urbana dos viadutos de acesso à Ponte Móvel.
No essencial, as alterações introduzidas estão relacionadas com o desenho de arruamentos, à reformulação do esquema viário existente no lado Norte e no lado Sul. Foram feitas rectificações ou alargamentos para permitir que as filas de trânsito, em espera quando a Ponte está aberta, não bloqueiem todo o outro trânsito de passagem.
Foi ainda implementada uma medida que compatibiliza a eventual inversão do sentido de trânsito nas ruas de Álvaro Castelões e de França Júnior – apenas em uma ou duas vias – para permitir melhorar a saída de trânsito de Matosinhos para Leça da Palmeira, através da nova Ponte.
Nesta cerimónia marcaram também presença o Presidente da Administração da APDL, Engº Matos Fernandes, o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, a Vereadora da Promoção Social, Dra. Luisa Salgueiro, a Vereadora do Ambiente, Dra. Joana Felício, o Governador Civil do Porto, Engº Agostinho Gonçalves, e o Presidente da Metro do Porto, Dr. Ricardo Fonseca.
Esta inauguração decorreu no âmbito da programação dos Dias da Cidade, que assinala o 25º aniversário da Elevação de Matosinhos/Leça a cidade.
Refira-se que a Capela de Santo Amaro é um notável exemplar da arquitectura religiosa do século XVIII, que foi desmontada aquando da construção dos acessos envolventes ao Porto de leixões e cujos restos estiveram em depósito na Quinta da Conceição
A 13 de Julho de 1884, tinham início as obras de construção do Porto de Leixões. Durante as décadas seguintes, e especialmente entre 1932 e 1953, a edificação desta estrutura portuária, bem assim como todos os arranjos urbanísticos envolventes, acabaram por fazer desaparecer a foz e o estuário do rio Leça e ditar profundas alterações na fisionomia das zonas ribeirinhas de Matosinhos e Leça da Palmeira.
Com a construção das docas de Leixões, que deram lugar ao maior porto artificial do país, desapareceram para sempre quarteirões inteiros, casas, jardins e praças públicas, um antigo mercado, estátuas, capelas, cinco pontes, lavadouros públicos, praias fluviais onde permaneciam dezenas de barcos de pesca tradicional, e muita da memória urbana do que fora Matosinhos desde a Idade Média até ao início do século XX.
Estas transformações na paisagem ribeirinha da povoação foram particularmente evidentes entre 1932 e 1940, na sequência da abertura da doca nº 1 (projecto dos Engenheiros Adolpho Loureiro e Santos Viegas), a que se somaria a edificação do Mercado de Matosinhos entre 1948 e 1953 (projecto de ARS – Arquitectos) e os arranjos de acesso à ponte móvel, aberta ao trânsito em 1959.
As profundas transformações urbanísticas que ocorreram em Matosinhos na primeira metade do século XX, decorrentes da construção das docas do porto de Leixões, implicaram a demolição, na década de ’40, de duas capelas do século XVIII localizadas na área ribeirinha da povoação: a capela de S. Roque e a de Santo Amaro.
A Capela de Santo Amaro localizava-se entre as ruas de Santo Amaro e Cardeal D. Américo, próximo do Largo 13 de Fevereiro, no local onde hoje se situa sensivelmente a estação “Mercado” do metro de superfície.
Monumento barroco, a capela de Santo Amaro estava particularmente relacionado com os mareantes e as gentes do mar que, durante séculos, caracterizaram Matosinhos. É de resto sugestivo o facto do monumento ostentar na sua fachada a representação de uma âncora.
A demolição desta capela motivou a construção de um novo templo de evocação a Santo Amaro, na Avenida Serpa Pinto, popularmente designada por “Igreja dos Pescadores”. Da autoria do Arqtº Bruno Reis, esta nova capela foi inaugurada em 1954.
Quanto às pedras da primitiva construção foram então adquiridas pela Câmara Municipal de Matosinhos, depositadas durante alguns anos no antigo horto municipal, no Largo do Ribeirinho, tendo daí transitado para a Quinta da Conceição onde permaneceram durante largas décadas.
A reconstrução da sua fachada, executada em 2009, obedece a um projecto do Arqtº Bernardo Távora.
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