Póvoa de Varzim, Sociedade

Começou hoje Colóquio de especialistas em homenagem a Rocha Peixoto – P. Varzim

Perto de uma centena de pessoas participam, hoje e amanhã, 8 e 9 de Maio, no Colóquio “Rocha Peixoto no centenário da sua morte”, a decorrer no Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.
A sessão de abertura do colóquio, esta manhã, contou com a presença de Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, João Francisco Marques, Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto, Luís Cabral, Assessor da Direcção Municipal de Cultura da Câmara Municipal do Porto e Fernando Rocha, Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos.

Macedo Vieira manifestou a honra sentida ao presidir à abertura deste colóquio, tanto na condição de Poveiro como de responsável principal pela entidade promotora desta comemoração, e constatou que “a figura de Rocha Peixoto é credora do respeito, geradora da admiração e indutora da investigação por parte da comunidade científica mais próxima das áreas do saber a que o homenageado dedicou a sua curta vida”. O edil mostrou-se bastante satisfeito com a alta qualidade científica que investigadores nacionais presentes vão conferir ao evento e não pôde deixar de referir o mérito atribuído a João Francisco Marques pela sua colaboração, disponibilidade e dedicação. “Como Poveiro, quero salientar o contributo pioneiro de Rocha Peixoto para a descoberta e para a interpretação de importantes testemunhos do nosso passado. Parte do que hoje sabemos de locais importantes para o conhecimento histórico e para a evolução do povoamento do território que hoje ocupamos, começamos a devê-lo a Rocha Peixoto”, reconheceu Macedo Vieira, acrescentando que “não foi apenas o passado que suscitou o interesse de Rocha Peixoto. O seu interesse maior era o presente”. “Rocha Peixoto foi acérrimo defensor da comunidade marítima poveira, pugnando pela conclusão do porto de pesca como condição para o fim de um período trágico da história local”, concluiu o autarca.
João Francisco Marques evocou Rocha Peixoto cuja “importância, originalidade e pioneirismo do labor legado, fruto de tanto suor, lágrimas e paixão, bem merecem estas jornadas de aplicada lembrança”. O professor afirmou que “Rocha Peixoto afirmou-se como um interventor credível e uma autoridade respeitada no panorama científico português”, a quem “talento e audácia muscularam-lhe as iniciativas emblemáticas”. “Disciplinado mas activíssimo, calcorreou, com exemplar perseverança até ao sacrifício de bens e saúde, as estradas que escolhera por roteiro científico: a mineralogia, a etnografia, a arqueologia, a museologia e a bibliotecnia”, prosseguiu João Francisco Marques referindo-se ao ilustre poveiro que “na Póvoa se inicia, ao Porto vai e em Matosinhos encerra”. “Se, como naturalista e bibliotecário, actuou movido por extremo empenho, a etnografia, afirmou Flávio Gonçalves seu biógrafo de eleição, foi «a ciência da sua predilecção», acrescentou o professor recorrendo também a João de Barros que referiu que Rocha Peixoto conseguiu impor-se como «um sábio respeitado e querido em todos os meios cultos».
A sessão de abertura terminou com a oferta da medalha comemorativa do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto editada pela Associação Poveira de Coleccionismo a Luís Cabral, a Fernando Rocha e a familiares presentes de Rocha Peixoto.
Organizado pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, o evento reúne mais de duas dezenas de especialistas que com as suas intervenções irão homenagear Rocha Peixoto num colóquio que abrange as variadas áreas a que se dedicou o ilustre poveiro: arqueologia, antropologia e etnografia, arte e museus, ciências naturais e bibliotecas e património.
O 1º Painel, sobre Arqueologia, tem como moderador Paulo Costa Pinto, Arqueólogo, e conta com as participações de Armando Coelho Ferreira da Silva, Director do Departamento Ciências e Técnicas do Património – FLUP, com Nota sobre a bibliografia arqueológica de Rocha Peixoto; José Flores Gomes, Arqueólogo – Gabinete Municipal de Arqueologia, sobre Arqueologia no concelho da Póvoa de Varzim: o legado de Rocha Peixoto; António Manuel S. P. Silva, Departamento de Ciências e Técnicas do Património da FLUP, cuja intervenção tem como tema Um passado sem fronteiras. Salvaguarda e gestão do património arqueológico na área metropolitana do Porto e Joel Alves Cerqueira Cleto, Chefe de Divisão da Promoção Cultural e Museus da Câmara Municipal de Matosinhos, com Arqueologia de Matosinhos: uma perspectiva cem anos depois dos trabalhos de Rocha Peixoto.
À tarde, decorreu o 2º Painel – Antropologia e Etnografia – que teve como moderadora Isaura Maia, Antropóloga, e contou com as intervenções de Joaquim Pais de Brito, Director do Museu Nacional de Etnologia, que apresentou Rocha Peixoto na origem de alguns dos grandes textos da etnografia portuguesa; Álvaro Garrido, Director do Museu Marítimo de Ílhavo, sobre Culturas Marítimas e Museologia. De que mar nos falam os museus?; Luís Martins, Antropólogo, com o tema Palavras, temas e itinerários nos cadernos de Rocha Peixoto e Isabel Maria Fernandes, Directora do Museu Alberto Sampaio, sobre Rocha Peixoto: o gosto pela cerâmica e pelos seus artífices.
“Arte e Museus” é o Painel que se segue, contando com a moderação de Álvaro Garrido e a participação de Agostinho Araújo, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com Rocha Peixoto e alguns pintores portuenses; Maria João Vasconcelos, Directora do Museu Nacional de Soares dos Reis, sobre Rocha Peixoto: um sentido para a preservação do património; Clara Frayão Camacho, Sub-Directora do IMC – Instituto dos Museus e da Conservação, com a intervenção dedicada ao tema 100 Anos Depois: Museus e Museologia no Portugal Contemporâneo e Deolinda Veloso Carneiro, Directora do Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim, sobre A colecção de ex-votos do Museu de Etnografia da Póvoa de Varzim, na esteira do estudo sobre “Tabulae Votivae” de Rocha Peixoto.
O dia de hoje termina com a visita, às 19h00, à exposição “Rocha Peixoto: coleccionador, museólogo e arqueólogo”, patente nas salas de exposições temporárias do Museu Municipal, até 30 de Dezembro de 2009.
Amanhã, dia 9, às 9h30, são retomados os trabalhos com o 4º Painel “Ciências Naturais” com as comunicações de João Paulo Cabral, Professor da Faculdade de Ciências do Porto, sobre Rocha Peixoto e as colecções e museus de História Natural e de Frederico Sodré Borges, Professor aposentado da Faculdade de Ciências do Porto, com o tema Rocha Peixoto, naturalista da Academia Politécnica do Porto e moderado por Luzia Sousa, Curadora de Zoologia do Museu Natural da Universidade do Porto.
Segue-se o 5º e último Painel “Bibliotecas e Património”, moderado por Henrique Barreto Nunes, Director da Biblioteca Pública de Braga e com a participação de José António Calixto, Director da Biblioteca Pública de Évora, cuja intervenção se debruça sobre o tema O património documental existe?; António Braz de Oliveira, Biblioteca Nacional, com O Risco de Rocha Peixoto na BNP; José Afonso Furtado, Paulo Leitão e Ana Barata, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, que apresentam Colecções Patrimoniais da Biblioteca de Arte: do analógico ao digital e Manuel Costa, Director da Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, sobre a Apresentação do espólio e da Biblioteca Digital Rocha Peixoto.
Entre os diferentes painéis que compõem o colóquio haverá um momento de debate e o encerramento dos trabalhos está previsto para as 13h00.
Durante a tarde, o programa terá um carácter mais informal sendo que irão realizar-se visitas à Biblioteca Pública Municipal do Porto, à casa onde residiu Rocha Peixoto, em Matosinhos, e à Exposição de ex-votos da Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos, onde será feito o encerramento do colóquio.

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