Viagens gratuitas nos comboios da Linha do Vouga marcam o início das comemorações do centenário da inauguração desta linha, que começam a 23 de Novembro com o descerramento de uma placa comemorativa na estação de Espinho, numa iniciativa conjunta de várias instituições ferroviárias e das sete autarquias servidas por aquela infra-estrutura.
Durante todo o dia, a população pode viajar gratuitamente nos comboios da Linha do Vouga, em qualquer percurso entre Espinho e Aveiro (via Sernada).
Após o descerramento daquela placa, às 09h00 e de uma projecção de fotografias de Aurélio Paz dos Reis, que recriam a chegada de D. Manuel II a Espinho em 1908, para a inauguração da Linha do Vouga, um comboio especial parte da estação às 09h26 com destino a Oliveira de Azeméis.
No entanto, até à chegada a Oliveira de Azeméis, prevista para as 14h32, o comboio leva os participantes a Santa Maria da Feira (10h01) e a S. João da Madeira (11h56), locais onde se realizam diversas actividades integradas nas comemorações.
Em Santa Maria da Feira, é descerrada uma segunda placa comemorativa na estação, realiza-se uma missa promovida pelos ferroviários, na Igreja Matriz, e diversas actividades de entretenimento.
Às 11h43, já com a presença da Secretária de Estado dos Transportes, Eng. Ana Paula Vitorino, parte de Santa Maria da Feira o comboio, com chegada às 12h00 a S. João da Madeira, sendo na estação desta cidade descerrada uma terceira placa comemorativa e visitadas as obras de requalificação do Centro Coordenador de Transportes, inaugurado o túnel rodoviário sob a linha do Vale do Vouga, assinados o Protocolo “Comboios Frequentes” entre a CP, a REFER e a Câmara Municipal de S. João da Madeira e a Consignação pela REFER da empreitada para a “Automatização de 52 Passagens de Nível na Linha do Vouga”, seguindo-se um almoço comemorativo neste local.
Neste primeiro dia de comemorações, o comboio especial leva-nos, por fim, a Oliveira de Azeméis, onde, às 14h35, é descerrada uma última placa comemorativa, na estação.
Segue-se um percurso a pé até à Galeria Tomás Costa, na Praça da Cidade, palco da inauguração da Exposição do Centenário da Linha do Vale do Vouga (15h15), mostra que percorrerá os sete concelhos servidos pelo caminho-de-ferro.
Estas comemorações são uma iniciativa da CP, REFER, Fundação do Museu Nacional Ferroviário e das Câmaras Municipais da área de influência da Linha do Vale do Vouga – Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Espinho, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira.
A Linha do Vouga, que liga Espinho a Aveiro, apresenta uma dinâmica crescente: os comboios transportaram 383 mil passageiros nos primeiros sete meses de 2008, o que representa um crescimento de 17,5 por cento face a igual período de 2007.
Programa comemorativo decorre durante um ano
Além do programa estabelecido para o dia 23, as comemorações vão prolongar-se por um ano, estando previstas diversas actividades, como uma exposição itinerante nos sete concelhos envolvidos, acções de sensibilização para a segurança ferroviária, viagens promocionais, descontos em bilhetes e um fórum sobre o futuro da Linha do Vouga e o desenvolvimento regional.
Com vista à participação das populações nas actividades comemorativas marcadas para cada concelho, a CP vai oferecer, durante os próximos 12 meses, condições especiais na utilização do comboio na Linha do Vouga, abrangendo viagens em grupos – estudantes, seniores e outros – de estudo, turísticas e temáticas.
Especificamente no período entre 24 de Novembro e 20 de Dezembro de 2008, um comboio especial vai ligar Sernada a Macinhata do Vouga, permitindo a todos os interessados a visita ao Museu Ferroviário de Macinhata.
Os comboios da Linha do Vouga estão decorados com o logótipo das comemorações. Está também prevista a edição de um catálogo da exposição e de um livro sobre o Centenário, assim como a produção de um jogo alusivo destinado ao público mais jovem.
Exposição itinerante
No âmbito das comemorações do Centenário da inauguração da Linha do Vale do Vouga, a CP organizou uma exposição itinerante, com um núcleo central constituído por fotos que documentam a construção, infra-estrutura, material circulante e profissões ferroviárias.
A exposição será enriquecida com vários contributos dos municípios que mostrarão o seu tecido produtivo e o seu desenvolvimento regional, através de diversas actividades. O caminho-de-ferro teve um papel fundamental neste desenvolvimento, transportando passageiros e mercadorias e traçando novas acessibilidades.
A exposição, que será inaugurada no próximo domingo, às 15h15, em Oliveira de Azeméis, permanecerá nesta localidade até ao dia 20 de Dezembro.
Percorrerá ao longo de 2009, sucessivamente, os seguintes concelhos: Santa Maria da Feira (Janeiro, coincidindo com a festa das fogaceiras); Águeda (Março); Albergaria-a-Velha (Abril, coincidindo com a chegada do comboio ao município); Aveiro (Maio, coincidindo com as festas da cidade); Espinho (Junho e Julho); e, por último, S. João da Madeira (Outubro).
Inaugurada por D. Manuel II
A Linha do Vouga, no seu primeiro troço (Espinho – Oliveira de Azeméis), foi inaugurada em 23 de Novembro de 1908 por D. Manuel II.
Apesar de planeada em 1877, só a 23 de Maio de 1901 foi concedida a Frederico Pereira Palha – ou à companhia por ele organizada – autorização para construir e explorar um caminho-de-ferro de via reduzida que, partindo de Torredeita, no ramal de Santa Comba Dão a Viseu, se estendesse até Espinho e daí, por Sever do Vouga, até Aveiro, estabelecendo ligação com a Linha do Norte.
Em 1906, a concessão foi transferida de Frederico Pereira Palha para a Compagnie Française pour la Construction et Exploitation des Chemins de Fer à L’Étranger.
Foi esta companhia que, em 21 de Dezembro de 1908, abriu à exploração o troço Espinho – Oliveira de Azeméis, concluindo-se a linha em 5 de Fevereiro de 1914, com a chegada a Bodiosa.
Em 1923, a assembleia-geral desta companhia aprovou a sua nacionalização, dando origem, em 1 de Abril de 1924, à Companhia Portuguesa para a Construção e Exploração dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal, proprietária da Companhia dos Caminhos de Ferro do Vale do Vouga.
Na sequência de um processo global de unificação da exploração ferroviária, a Companhia do Vale do Vouga, a Companhia Nacional e a Companhia da Beira Alta foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.
À época da sua construção, a Linha do Vouga foi considerada o mais importante investimento naquela região, do ponto de vista social e económico. Com efeito, o transporte de mercadorias era então realizado por via fluvial – rio Vouga.
Mas a obra enfrentou diversas dificuldades, relacionadas com as características geográficas da região, bastante acidentada, o que obrigou à construção de muitas curvas, tendo mesmo a linha ficado conhecida como “Linha do Vale das Voltas”.
Esta linha, que se desenvolve entre a estação de Espinho-Vouga e Aveiro numa extensão de 96,2 quilómetros, é servida por 13 estações e 32 apeadeiros, e atravessa 33 pontes e três túneis.
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