Santa Maria da Feira, Sociedade

Histórias de um feirense em Newark – Sta. Maria da Feira

António José Resende emigrou para os Estados Unidos há pouco mais de sete anos. Nascido e criado em Mosteirô, Santa Maria da Feira, onde chegou a construir “uma casita”, é um dos muitos portugueses que rumou a Newark para “tentar melhorar uma vida de grandes dificuldades”.

Em 2001, viu a família aumentar com o nascimento da Carolina que se veio juntar à irmã Adriana, hoje com 13 anos. No dia em que nasceu a filha mais nova, António lembra-se como se fosse hoje, que “levava para casa, no fim de mais uma feira, apenas 420 escudos”. Pelo caminho, pensava – “o que vou fazer da minha vida, com este dinheiro e uma criança acabada de nascer?”.

Quis o destino que na semana seguinte – ele que marcava lugar nos mercados de Arrifana, Palhaça, Eixo ou Estarreja – fosse fazer a feira de Pardelhas, na Murtosa, e em conversa com um cliente emigrante nos EUA se queixasse da vida que “não dava nem para a sopa”.

Nesse dia foi-lhe prometido que alguma solução haveria de aparecer nem que fosse emigrar, se a isso estivesse disposto.

António não pensou mais nisso, pareceu-lhe uma promessa que não se ia concretizar nunca. Os meses foram passando até que, um dia, teve um telefonema do dono de um restaurante, em Newark, a perguntar se ele queria ir para lá. “Posso pensar uns dias?”, perguntou. “Não, tem de decidir já porque é agora que eu preciso”.

António ainda hesitou. Assim, de repente, mudar de vida tão radicalmente parecia-lhe estranho. “Arrisquei porque ainda queria ver se acabava de pagar a minha casa e em Portugal a vida não estava fácil”, disse.

Custou-lhe um bocado a adaptar-se a um modo de vida tão diferente. Esteve no restaurante durante algum tempo. Já tinha alguma experiência nessa área, porque tinha trabalhado no restaurante Cruzeiro, em Fornos (Santa Maria da Feira). Achou que podia melhorar ainda um pouco mais os seus rendimentos e tentou a construção mas partiu um braço e teve que desistir.

Foram sete meses terríveis, sozinho, parecia que o sonho se ia desfazer. Mas não desistiu. Ainda andava com o braço engessado quando chegou Glória, a mulher, e as duas filhas que tinham ficado em Portugal.

Entretanto, voltou à restauração e desta vez no Portugália, também em Newark. Agora com a família reunida tudo lhe parece mais fácil. “Isto aqui já esteve melhor, mas não estou nada arrependido de ter vindo para cá”. As filhas adaptaram-se à nova vida, a novos amigos, a métodos escolares diferentes.

António luta por melhor vida para si e para a família. “Mesmo com saudades da Festa das Fogaceiras e dos campos lá da terra por cá irei ficar muito tempo”, acrescentou.

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