Desporto, Póvoa de Varzim

Grande Maratona BTT – milhares de ciclistas invadiram a Póvoa

   Luís Machado venceu a Corrida de Campeões, que no passado domingo se disputou na Póvoa, inserida na II Grande Maratona BTT.   
          A prova reuniu 85 corredores, já afastados da competição, e que vêm à Póvoa a convite da organização. Ciclistas conhecidos como Alves Barbosa, Marco Chagas, Joaquim Gomes, Álvaro Pino, Blanco Vilar, Evaristo Portela, Fernando Carvalho e Manuel Cunha deram o seu melhor para vencer uma prova aguerrida e muito rápida, constituída por 30 voltas a um percurso de 1,8 quilómetros entre o Alto de Martim Vaz, na rotunda das Piscinas Municipais, Praça 5 de Outubro,  Avenida Santos Graça, Rua Gomes de Amorim o regresso à meta pela Avenida Vasco da Gama. A volta mais rápida foi cumprida em um minto e 56 segundos, a 22 voltas do fim.
           Marco Chagas, o ciclista que mais vezes venceu a Volta a Portugal, participou nesta Corrida de Campeões, mas antes da prova já afirmava que não deveria conseguir uma boa classificação: “participei na maratona BTT e confesso que me cansou muito, por isso, hoje acho que vou ter dificuldade de acabar”. Como explicou o ciclista, as provas todo-o-terreno incidem mais sobre o aspecto técnico, enquanto que as provas em alcatrão são muito exigentes por serem mais rápidas. Actualmente retirado das competições, Marco Chagas confessou mesmo que há semanas em que não pega na bicicleta, mas quando o faz, a sua preferência vai para as bicicletas de montanha. Mas para o antigo campeão, vir à Póvoa é antes de mais uma oportunidade de rever colegas e amigos e de conviver, pelo que vencer a Corrida de Campeões não é o objectivo.

 
          Também Manuel Cunha se mostrou mais entusiasmado pelo aspecto do convívio do que pelo lugar a alcançar na prova: “já cá estive há dois anos e volto porque me sinto acarinhado nesta terra de ciclistas, onde reencontro os meus colegas e amigos”. E, à semelhança de Chagas, Manuel Cunha mantém a paixão pelas bicicletas, mas, como afirmou: “quase ou nada ando, à excepção do BTT, que vou fazendo perto de casa”. 
           Quanto à maratona BTT, que se disputou no dia 11 com mais de 1600 participantes, era composta por dois percursos, um de 82 quilómetros e o outro de 45. No primeiro, o vencedor foi Rui Lavarinhas (1h 40´, 20”), campeão nacional da maratona BTT, José Manuel Silva (3h 22’, 01”) conquistou a segunda posição e em terceiro ficou Nelson Lobo Rocha (3h 37’, 10”). Na meia maratona (45 kms), o primeiro lugar foi para Ruben Nunes (1h 40’, 12”), o segundo para Bruno Pires (1h 40’, 50”) e em terceiro ficou Nelson Lobo Rocha (3h 37’, 10”).
           Uma hora antes da partida, às 8h30, já havia imensos ciclistas alinhados na zona da partida, tal era a vontade de participar nesta iniciativa que entra este ano na sua segunda edição tendo mais do que duplicado o número de participantes. O colorido dos fatos e a animação que dominava o enorme pelotão, a agitação dos carros e motas de apoio e o cheiro de cânfora dos óleos de massagem, nos pavilhões da organização, marcavam o ambiente, dominado também pela ansiedade do momento da largada. Os ciclistas iam-se comprimindo na linha de partida e a Avenida Vasco da Gama tornou-se num mar de bicicletas e capacetes. A partida foi dada às 9h30 em ponto e os corredores saíram em grande velocidade pela Avenida dos Banhos, cada um acreditando, consoante os objectivos, numa vitória, num bom tempo pessoal ou num dia bem passado ao ar livre e a fazer desporto.
           E os primeiros 20 quilómetros bastaram para deixar bem marcado na cara dos corredores o resultado do esforço. O dia estava quente e, depois de uma parte relativamente fácil e plana até Amorim, o grupo teve que subir para Laúndos, onde havia ainda troços bem exigentes, com declives acentuados de terreno, buracos e pedras soltas. Os fatos já cheios de terra, as bicicletas, com a cor escondida debaixo de várias camadas de lama e os rostos e corpos suados, por altura do primeiro abastecimento, eram a imagem predominante. Mas havia ainda bastante energia e os participantes mostravam-se animados e confiantes de que iriam seguir até ao fim. Muitos eram os que afirmavam que o percurso era muito bom e que iam seguir. Havia que beber bastante água, comer laranjas e bananas e obter um açúcar rápido com as tortas de Azeitão. E pelo caminho havia quem passasse com bicicletas à mão por causa de pneus furados – a desilusão era evidente. A solução, ir até ao ponto de assistência mais próximo. Quem teve mais sorte, ainda apanhou boleia de moto quatro, carregando a bicicleta avariada às costas, mas sempre com a mesma desilusão bem marcada no rosto – ninguém gosta de interromper uma prova por problemas técnicos.

 

              Um pouco mais à frente, os percursos divergiam e quem ainda tinha coragem seguia para os 82 quilómetros. Em Balasar, mais um abastecimento e aqui já muito menos gente e a ambulância da Cruz Vermelha do Porto teve o seu primeiro trabalho – ir buscar um participante que se queixava de falta de ar e dores no peito. Nada mais do que sintomas de exaustão, felizmente. Por aqui já só passavam os participantes no percurso maior e o esforço, por esta altura, começava a originar desistências, mas havia quem mantivesse a determinação: “anote o que lhe digo” – dizia um ciclista já de avançada idade  –“quando já não se consegue dar mais, é porque estamos a meio do que ainda podemos fazer!” E com um sorriso rasgado e espírito positivo lá seguiu, com o companheiro, que já se queixava de cãimbras. Terão chegado ao fim?
             Para além do desafio da prova, a Maratona BTT foi também um belo passeio pelo campo, por trilhos onde só passam bicicletas, num belíssimo dia de Outono marcado pelos cheiros do vinho nos lagares das casas, da terra que voava em finas nuvens de pó, da palha já cortada e dos animais nas cortes.
            E, de regresso à Póvoa, os participantes tinham à espera um almoço na Praça de Touros, onde puderam recuperar forças de uma manhã exigente, mas muito bem passada.
               A Grande Maratona BTT é uma organização da School Eventos, com o apoio da Câmara Municipal e afirmou-se definitivamente nesta sua segunda edição. A Póvoa de Varzim marca,  uma vez mais, a diferença, investindo num evento de grande dimensão e qualidade, que promove o desporto e o convívio e que reflecte a própria estratégia que vem sendo definida para a cidade nos últimos anos.

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