“Façamos ressuscitar este poeta esquecido durante tantos anos.” Este foi o apelo deixado por Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, no lançamento de Calmarias e Tufões de Bernardino da Ponte, no passado sábado. “É um poeta que vale a pena ser lido e no livro há poemas para todos os gostos”, referiu Luis Diamantino enaltecendo as virtudes do homem singular que foi Bernardino da Ponte.
A obra que agora pertence à Colecção Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira é a 2ª edição aumentada, com organização, introdução e notas de Manuel Gomes da Torre. O professor e investigador dedicou-se ao estudo de Bernardino Gomes da Ponte e após uma intensa pesquisa realizada em diversos jornais poveiros permitiu que fossem incluídos poemas que não faziam parte da edição de 1917, da qual ainda possui um exemplar oferecido por Admário Ferreira, responsável pela publicação do livro. Da pesquisa nos periódicos poveiros, Gomes da Torre também conseguiu apurar que Bernardino da Ponte teve uma vida difícil, sofrida e era um homem sem consideração social apesar da cultura e conhecimentos que passagens da sua poesia revelam que possuía. Foi-lhe reconhecido algum mérito cultural quando foi director do semanário “Estrella Povoense” por mais de uma década, fundador e responsável por outro semanário de Verão, “A Praia”, durante dois anos, e professor na escola primária de Amorim. “Sem sucesso, reuniu os seus poemas e enviou a Guerra Junqueiro para ele prefaciar mas este nunca o fez nem os devolveu. Talvez por isso publicou tudo à pressa na imprensa”, revelou Gomes da Torre. Na verdade, os poemas do pobre homem de Aver-o-Mar só foram publicados cerca de meio ano após o seu falecimento por iniciativa de Admário Ferreira, poeta, jornalista, bibliógrafo e livreiro, que dedicou a sua vida à actividade livreira e à poesia. A este propósito, Gomes da Torre não resistiu a ler o poema que Bernardino da Ponte escreveu “No aniversário natalício e esponsálico do Sr. Dr. David Alves e sua esposa D. Mariana Amorim Alves”: “Será tarde? Não estranho,/ Com todos assim tem sido…/ Só se lhes mede o tamanho/ Depois de terem morrido.”, chamando a atenção para o valor profético deste visto que ao poeta acontecera exactamente o mesmo, as pessoas só lhe reconheceram algum mérito depois de ter falecido.
Para além deste, outros poemas de Bernardino da Ponte foram partilhados com o público pela voz de Aurelino Costa que fez reviver o poeta de Aver-o-Mar há anos caído no esquecimento.
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