A colcha de croché gigantesca que vai ser pendurada sábado na Ponte D. Luís, no Porto, demorou seis meses a ser confeccionada por cerca de 1.000 mulheres todas oriundas do concelho de Santa Maria da Feira, disse fonte da organização.
“Varina” é o título da instalação criada pela artista Joana Vasconcelos no âmbito do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira.
“É uma homenagem às mulheres do povo e cria uma dinâmica de intercâmbio com a paisagem envolvente, redefinindo e estimulando as tradicionais relações entre a arte e o tecido social, em clara comunhão com o espectro paisagístico – arquitectónico e natural – envolvente”, afirmou Joana Vasconcelos.
A colcha com 35 por 15 metros pretende afirmar a vocação metropolitana do Imaginarius, que decorreu em Maio.
A artista já havia decorado no passado ano a torre de menagem do Castelo da Feira, num projecto intitulado “Donzela”.
Na altura, cerca de 500 mulheres daquele município – sob a supervisão de Joana Vasconcelos – confeccionaram uma colcha com 7,8 por 4,55 metros também em croché, que ficou suspensa no exterior da fortaleza, “seguindo a tradição, associada às procissões, de ornamentar as janelas e varandas com as melhores colchas”.
“A “Varina” vem dar continuidade à “Donzela”, compreendendo também a produção de uma colcha monumental, em croché, elaborada artesanalmente, com a colaboração activa da população feminina local”, disse Joana Vasconcelos.
Segundo o vereador responsável pelo pelouro da Cultura da autarquia, Amadeu Albergaria, a iniciativa representa “o envolvimento da população numa actividade cultural já com raízes na região”.
“Colocar um trabalho criativo desta envergadura num local tão emblemático, como é a Ponte D. Luis I, é o reconhecimento a todos aqueles que contribuíram para a sua confecção, afirmando ao mesmo tempo a vocação metropolitana do Imaginarius”, acrescentou o autarca.
A instalação “Varina” será inaugurada sábado na Ponte D. Luís I, pelas 16:00, e ficará suspensa até 31 de Julho.
Joana Vasconcelos – cujos trabalhos têm a particularidade de serem concebidos em grandes dimensões – também criou este ano um “colar” para a Torre de Belém, em Lisboa, montado com bóias e cabos náuticos de várias cores, numa instalação intitulada “Jóia do Tejo”.
A artista tornou-se mais conhecida do público português depois da participação, em 2005, na Bienal Internacional de Arte de Veneza, onde apresentou “A Noiva”, um lustre feito com vinte mil tampões higiénicos femininos escolhido como peça principal daquela exposição.
As suas obras – que resultam da apropriação e subversão de objectos do quotidiano – têm sido apresentadas em exposições na Europa, América Latina e Estados Unidos.
No ano passado, o Museu Colecção Berardo adquiriu duas peças para a entrada e a saída do edifício onde está instalado, no Centro Cultural de Belém, Lisboa.
Também este ano, Joana Vasconcelos tornou-se a primeira artista portuguesa a expor na Pinacoteca de São Paulo, onde apresentou, em Fevereiro, “Contaminação”, um corpo têxtil colorido e disforme, tentacular, estendido por todo o espaço daquele centro cultural.
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