“Arqueologia das Terras de Santa Maria: balanços e perspectivas” é o tema do colóquio que, a 30 de Maio, analisa no auditório da Junta de Freguesia da Feira o trabalho de investigação arqueológica desenvolvido na região nos últimos anos e as linhas de acção que devem orientar essa actividade no futuro próximo.
Incluído na programação da Semana Cultural da Cidade de Santa Maria da Feira, o evento decorre entre as 09:30 e as 18:30, prevendo uma série de conferências por especialistas com actividade em diferentes áreas do Norte do país.
O primeiro painel aborda o “Panorama da actividade arqueológica no Entre Douro e Vouga: salvaguarda, gestão, investigação e valorização”, de acordo com a perspectiva de Filipe Pinto, arqueólogo da Feira, e António Silva, do Gabinete de Arqueologia Urbana da Câmara Municipal do Porto e do Centro de Arqueologia de Arouca.
Armando Silva, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, analisará depois “A Epigrafia e Povoamento em época romana no Entre Douro e Vouga Litoral”, enquanto Fernando Silva, da Câmara de Águeda, fará uma revisita ao “Megalitismo do Centro-Norte Litoral”. Em seguida debate-se o “O tempo dos Mouros: as terras de Santa Maria como espaço de fronteira na época da reconquista”, segundo a visão de António Lima, da Escola Profissional de Arqueologia do Marco de Canavezes, e Manuela Ribeiro, também ligada ao Gabinete de Arqueologia Urbana do Porto e ao Centro de Arqueologia de Arouca.
À tarde, o segundo painel de intervenções arranca com a referência de Jorge Salvador, da Câmara Municipal de Espinho, ao Castro de Ovil enquanto “povoado da Idade do Ferro, e prossegue com “Uma leitura arqueológica do Castelo de Santa Maria da Feira: resultados e perspectivas de uma investigação em curso”, por Ricardo Teixeira e Jorge Fonseca, ambos da empresa “Arqueologia e Património”.
Os últimos temas em análise serão “A capela de Santo Amaro de Beduíno nos Caminhos de Santiago na Terra de Santa Maria”, por Carlos Brochado de Almeida (da Faculdade de Letras do Porto), Pedro Brochado de Almeida (da Câmara de Vila do Conde) e Susana Temudo (arqueóloga), e “Incursões Arqueológicas no concelho de Santa Maria da Feira, pelos arqueólogos Gabriel Pereira e Filipe Pinto.
Este último é o coordenador do colóquio e classifica-o como uma oportunidade para “exemplificar o que a investigação arqueológica tem produzido ao longo dos últimos anos e, principalmente, indicar vectores de acção para o futuro”. O arqueólogo realça que “o Entre Douro e Vouga não estava ainda a ser alvo de investigação sistemática ao nível da arqueologia” e, por esse motivo, considera que a iniciativa pode apontar novas direcções “numa área geográfica ainda sem grandes tradições relativamente ao trabalho arqueológico sistemático, quer seja no domínio da investigação ou, mais recentemente, na área da arqueologia comercial”.
Para Filipe Pinto, o colóquio do dia 30 de Maio é também uma oportunidade para questionar a actual tutela institucional da actividade arqueológica, tendo em conta que “a independência que a arqueologia tinha se perdeu” e “há falta de uma entidade de carácter mais regionalista que seja bastante clara e concisa em relação a esta área”. Aberto a especialistas, técnicos e comunidade em geral, o evento poderá, nesse contexto, “incentivar as entidades municipais e associações locais a tomarem as rédeas na gestão e na salvaguarda da actividade arqueológica e patrimonial da região”.