O médico e escritor Miguel Miranda fala do seu quinto romance, “O Rei do Volfrâmio”, que retrata a primeira metade do século XX, com especial enfoque na Guerra Civil de Espanha e na Segunda Guerra Mundial.
Durante esse período, a exploração do volfrâmio para a indústria bélica ganhou enorme força, dando azo ao súbito enriquecimento dos “volframistas” e também ao seu rápido declínio, no pós-guerra.
Paralelamente, o livro desenvolve quadros de vida da actualidade, quando a personagem do investigador João de Deus mergulha nas histórias desse tempo, relatando o seu quotidiano.
“Arouca foi uma das terras mais importantes no tempo da exploração do volfrâmio”, afirmou à EDV Informação Miguel Miranda.
“O volfrâmio foi o último caso de enriquecimento sem justa causa. Da noite para o dia, acordámos ricos, e acabámos por fazer os maiores disparates, como fumar tabaco enrolado em notas de cinco contos, por exemplo”, disse.
“O Rei do Volfrâmio” assume-se como “uma saga de um país e das suas almas, à sombra de um passado faustoso e iluminado, e com poucas perspectivas para o futuro. Ao mesmo tempo, reflecte sobre a diáspora portuguesa, e o surgimento de novos modelos sociais a isso associados”.
“O meu livro não passa ao lado do fenómeno da emigração. A emigração fez com que delapidássemos o nosso património genético. A nossa maior força foi-se espalhando pelo mundo”, sublinhou Miguel Miranda.
“Com este romance quis fazer um retrato do país que somos e da mentalidade que temos”. “É um livro com várias histórias, como a vida”, acrescentou.
Miguel Miranda é médico, chefe de serviço de Medicina Geral e Familiar.
É autor de vários romances, contos, policiais e livros infanto-juvenis, tendo recebido vários prémios.
O escritor está traduzido em Itália e representado em diversas colectâneas de contos.